terça-feira, 28 de setembro de 2010
Phil Collins, Going Back e a mediocridade da música atual
(por Frederico Beltrão)
Phil Collins é o tipo de sujeito que deixa muita gente com a pulga atrás da orelha. O fato dele ter saído de trás da obscuridade do Genesis dos anos 70, ter virado um ícone pop nos anos 80 e ter subseqüentemente transformado sua banda de origem numa instituição titânica do pop, lançando hit atrás de hit e vendendo milhões de discos, irrita críticos musicais e alguns fãs xiitas do Genesis prog dos anos 70, que o acusam de ser um traidor, algo que não faz o menor sentido.
Sua carreira solo é louvável. Utilizando suas influências da Motown, do smooth jazz e do pop-rock em geral, Collins lançou 4 discos excelentes nos anos 80, e outros 3 ao longo dos anos 90 e 2000, que apesar de darem sinais de falta de criatividade tem lá suas virtudes.
A reunião do Genesis em 2007 para a fantástica Turn It On Again Tour foi o suficiente para instigar Collins a gravar novamente, mesmo tendo se despedido da carreira solo em 2005. Porém, ele decidiu fazer o disco mais pessoal da carreira dele, regravando suas músicas da mítica gravadora Motown que, segundo ele, foram suas maiores influências. Dando legitimidade ao trabalho, Collins teve o apoio de ninguém mais, ninguém menos que os também míticos Funk Brothers, que foram os acompanhantes musicais perenes de praticamente todos os hits da gravadora, sendo o backup de gente como Marvin Gaye, Stevie Wonder, The Temptations, Jackson 5, The Four Tops, The Supremes, The Pretenders entre inúmeros outros.
Bom, antes que vocês perguntem, isto não é uma review, mas eu devo afirmar que o disco é simplesmente fantástico. O fato de ter os Funk Brothers no apoio e de Collins não ter utilizado nenhuma técnica de estúdio mirabolante, dá um sentimento nostálgico no disco tão forte que você praticamente sente a época em que as músicas foram escritas. Acima disso tudo, Collins nunca cantou tão bem, sua poderosa voz cai nas músicas como uma luva, e ele dá uma sutileza e leveza que ao mesmo tempo injetam novo ar às canções e resgatam o sentimento musical dos anos 50 e 60. Algo realmente mágico, e um tremendo chute no saco de quem critica Phil Collins.
Porém, há um tema maior que permeia esse lançamento tão inusitado e tão bem sucedido por um cantor beirando os seus 60 anos. Quando eu ouvi o disco fiquei irrequieto com a seguinte pergunta: o que nós vamos deixar para gerações futuras? Musicalmente falando, claro.
O material produzido pelos artistas e os compositores da Motown nos anos 50, 60 e 70 foram apenas uma parcela, um recorte, de uma avalanche de inovações fantásticas, músicos fantásticos e compositores geniais, que expandiram os limites da música popular, redefinindo o seu papel no cotidiano. Os anos 80, apesar de não terem sido revolucionários, tiveram uma qualidade musical bem alta, apesar de alguns artistas medíocres terem começado a ter peso na figura geral (no momento eu penso na Madonna e no Metallica, mas tiveram outros). Os anos 90 tiveram lá suas boas coisas, especialmente no ramo eletrônico e no R&B, que foi reinventado com o New Jack Swing. Porém, vieram os anos 2000 e tudo foi, na falta de um melhor termo, pro caralho.
Até mesmo estilos que eu já não gosto muito, como o Hip Hop e o Metal, tornaram-se insuportáveis. O primeiro tornou-se um compêndio de baixarias, enquanto o segundo tornou-se uma demonstração doentia de técnica agressiva, sem o menor sentido. Obviamente que há exceções, mas, no geral, a idiotice impera. Fora isso, novos gêneros lamentáveis surgiram, como o Teen Pop (talvez o menos agressivo de todos, pelo menos a Demi Lovato é bonitinha e tem uma voz agradável), o Hardcore ou Screamo, ou “eu sou revoltadinho com meus pais, faço tatuagem e toco música pesada” (com algumas nojeiras do tipo Good Charlotte e Limp Bizkit), o Emo, o Indie pseudo-intelectual e as famigeradas bandinhas coloridas aqui no Brasil, que são talvez, o símbolo de uma geração que se perdeu musicalmente.
O padrão de qualidade está tão baixo que a imprensa musical e o público em geral consideram Lady Gaga algo genial, quando na realidade ela nada mais é do que uma artista genérica de electro-pop. Só o fato dela saber cantar e compor minimamente já é motivo pra considerá-la um gênio. Há uns 20 anos atrás, ela REALMENTE teria a necessidade de se vestir de maneira escrota pra atrair atenção.
O resultado disso? As pessoas que conseguem transcender a imbecilidade generalizada se voltam para as bandas e os artistas antigos, que estão experimentando um verdadeiro “revival”. Num certo aspecto, isso é bom, mas por outro lado, o que vai ser da música quando esses sujeitos forem passear com o Michael Jackson? O que havia restado de qualidade vai acabar?
Bom, Phil Collins fez um álbum de covers da Motown dos anos 50 e 60. Queria saber qual seria o critério num álbum de covers que alguém irá fazer daqui a 40 anos das músicas atuais. Isso desperta minha curiosidade, e minha preocupação.
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Ah, tem rolado aí uns "Tributo ao Weezer", "Tributo a Bjork", meio vergonha alheia na verdade.
ResponderExcluirAdoro que tio Phil tenha uma caligrafia parecida com a da trava véia, Sir Paul.
Fred, quase tudo o que você disse é certo.
ResponderExcluirQUASE.
Tá, Metallica não é inovador, isso é fato: mas metal não é inovador DESDE uma bandequinha do capeta chamada Black Sabbath.
Pode ficar mais pesado, mais rápido... Mas nahhh.
Madonna, por outro lado, é inovador. Fala pra mim, vai, quem antes dela fez o que ela fez? Pode ser escroto e tal, mas É ÍCONE... mas quem? Além do mais, anos 90, cara! Ray of Light!!
E mesmo hoje: Celebration é épica. Poe numa festa e vê o que rola. Strip tease, no mínimo. Te falo por experiencia própria.
Por falar em inovação/pioneirismo/importância (por qualidade, não por POPULARIDADE), mal comparando, falo de David Bowie. Podem dizer que é escroto, que é isso, que é ruim. Mas não dá pra negar que É. E É POR MERITO.
Diferentemente do Queen, que é importante por qualidade, mas nao é pioneiro. Grandes merda, usar aqueles vocais tcholas e elementos clássicos vc sabe MUITO bem que faziam isso desde final dos anos 60.
E agora, partindo prum negócio que eu gosto mundo, here is Lady GaGa.
Cara, o som dela pode ser pop mixuruca em criatividade (no sentindo PIONEIRISMO da parada), mas é BOM. É, vc pode até não gostar, mas compara com qualquer coisa das últimas duas gerações de pop.... E dps compara com as coisas pop dos anos 80. É BOM. Tá no patamar de Cindy Lauper, de Kate Bush... DE MADONNA.
But then again, pode até ser que não seja pioneira, mas só pelo fato dela ser super "academica" (no sentindo de pesquisa, produção, idéia, estrutura e ARQUITETURA) em cultura POP, mesmo que o som fosse uma merda, ela teria seu valor.
Pq a gente não pode esquecer que, claro que ela tem produtores, claro que ela não tá sozinha.... mas não se faz o que ela faz (especialmente pós-60's) sozinho. De qualquer jeito, ela é a MENTORA dela própria, do Haus of GaGa. Enfim, ela TEM o seu valor.
Alias, falando em bandinha colorida: http://www.youtube.com/watch?v=zIRW_elc-rY
ResponderExcluirMas é COREANO, IRADO.
"O padrão de qualidade está tão baixo que a imprensa musical e o público em geral consideram Lady Gaga algo genial, quando na realidade ela nada mais é do que uma artista genérica de electro-pop. Só o fato dela saber cantar e compor minimamente já é motivo pra considerá-la um gênio. Há uns 20 anos atrás, ela REALMENTE teria a necessidade de se vestir de maneira escrota pra atrair atenção."
ResponderExcluirFalou e disse. Lady Gaga está longe de ser genial.
Bom, eu discordo do fato de hoje em dia não ter nada que preste. O que, na minha opinião, acontece, é que o que as pessoas vêm prezando ultimamente não é o quão boas as composições de um músicos são, o quão inovawdoras, mas sim o quão gatinho ele é, o quão estranho, o quão polêmico. Os músicos, mas do que nunca, precisam se estereotipar e assumir uma identidade para serem catapultados e terem seus 5 minutos de fama, como diria Warhol.
ResponderExcluirExistem sim pessoas que vêm reinventando e inovando na música, como Andy Mckee e Justin Wood, que, além das composições complicadas, ainda arranjaram uma nova forma de tocar violão, literalmente (utilizam-o como um instrumento de cordas E percussão). O problema é que estas pessoas não se encaixam no estilo que a mídia quer. E o que a mídia não quer, não deslancha.
Outro fator que dificulta ainda mais a popularidade é a globalização. Mas eu não vou ficar filosofando sobre isso porque daria o tamanho de um post e não estou com saco e nem tenho escopo pra escrever.
PS: O vídeo da Ana é uma merda. O grau de "iradice" não s emede por nacionalidades bizarras. Não se deixem enganar pelas japas e nem pelas roupas caricatas.
so tem comentario de gente intelegente ai, portanto eu sendo burro e tendo lido que o collins não canta bem em vez de ele nunca cantou tão bem, me abstenho de um comentario util =[
ResponderExcluirAdorei o artigo! Como complemento, eu digo que as pessoas se acostuamram a ouvir certas coisas e pararam de exigir músicos de verdade(eu me incluo nessas pessoas).
ResponderExcluirA verdade é que as músicas hoje em dia só precisam ser fáceis e chiclete, pois é isso que o povão quer. A Lady GaGa, pra mim, é um gênio por saber se aproveitar disso. Porém, isso não impede que hajam coisas boas. Só que é muito difícil, pra qualquer um, ter algo realmente bom quando comparado ao que havia antigamente.
É desleal querer comparar Lady GaGa à Madonna. Querer que se repitam os solos de Pink Floyd ou que alguém cante que nem o Dio.
Acho que é só uma questão de tempo até a música voltar ao seu auge. Como tudo na vida, pode ser descrito num gráfico de crescimento de bactérias:
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/ \____/ <-- "Estamos aqui"
E, quanto ao que a Ana disse: metal é inovador. Apartir do momento em que se muda, tornando mais rápido/pesado, incluindo outros instrumentos -tipo gaitas, violinos e uns outros trecos de corda/sopro- é considerado uma inovação.
Bosta, o gráfico não saiu.
ResponderExcluirMuito bom seu post, bem escrito e informativo. Um bom blog de música. : ) Bem, eu gosto de Lady Gaga, só pq algumas músicas são boas, mas realmente só isso, ... ela é muito burra. xD
ResponderExcluirBjs
TUDO o que o Phill Collins já gravou na vida é legal é ainda tem coisa boa no Metal, mas tem que procurar bastante. Abraço.
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